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Tudo de novo outra vez

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Sabe aquele ditado que diz que “um raio não pode cair duas vezes no mesmo lugar”? Pois então, aconteceu comigo aqui. Pela segunda vez, no mesmo ano: meus colegas de trabalho organizaram uma festinha com o pessoal da agência e não fui convidada. Era o chá de fraldas de um colega. Qual foi? Assim como na vez anterior, era uma pessoa com quem eu tenho contato direto, pois trabalhamos na mesma equipe. Descobri quando cheguei na agência e vi os balões decorando a cozinha...   Como da vez anterior, me senti péssima, só que dessa vez pior ainda, se é que isso é possível. E não, esse não é um jeito comum de as pessoas se tratarem aqui no Chile. Comentei o que aconteceu com vários chilenos próximos do meu entorno e todos reagiram da mesma maneira: indignados, espantados, surpresos, ultrajados. O que é que esses eventos me ensinaram? Que o ambiente de trabalho está muito tóxico, que não tenho amigos nesse lugar e, para piorar, tenho péssimos colegas. Qual é a solução para sair disso tudo? Um nov

Uma pequena alegria da vida adulta no Chile

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Semana passada tivemos uma noticia muito boa aqui, não, na verdade, foi uma noticia maravilhosa. A Gabi conseguiu vaga num colégio particular subvencionado, ou como a mídia comercial gosta de chamar no Brasil, colégios com voucher. Foram 5 anos tentando matricula pelo Sistema do Ministério da Educação do Chile. Um verdadeiro calvário, mas conseguimos. Formatura do Jardim Infantil Para qualquer família chileno a questão da vaga no colégio é um assunto supercomplexo e origem de muita preocupação. Eu soube disso, literalmente, desde a primeira vez em que coloquei meus pés neste país. Sem exagero.   O ano era 2008 e eu estava a trabalho em Santiago para organizar um evento de promoção de turismo pela Embratur. A nossa agência do Brasil tinha uma parceira aqui no Chile com quem eu trabalhei durante aqueles dias. Uma das pessoas encarregadas estava justamente no processo de, como ela mesma definiu, lobby escolar para conseguir matricular um dos filhos no Jardim de Infância. É uma verdadeira

Coisas que nunca fiz antes, mas fiz no Chile

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Esse ano eu completo 11 anos morando no Chile. Não são 11 dias, nem 11 meses... São intensos, longos e muito bem vividos 11 anos. Teve maternidade, terremoto, conquistas inéditas, casamento, funerais, militância politica, encontros, despedidas, trabalho novo e muitas histórias para contar. Ainda assim, tem tanta coisa que falta eu viver aqui que 11 anos parece muito pouco. Voltando a usar meu cabelo cacheado Um dos últimos acontecimentos que vivenciei aqui me fez pensar isso. Pela primeira vez na minha vida, em 47 anos de existência,  doei sangue . Isso mesmo. Nunca, jamais, em toda minha vida, tinha sido doadora. Foi algo bem simples, numa sexta-feira qualquer, mas que me fez pensar muito nisso. Como tem coisas para viver e fazer que eu NUNCA fiz. Doei sangue porque a bebê de uma amiga brasileira estava internada, necessitando transfusões de sangue quase que diariamente. Graças a Deus, ela se recuperou e já está em casa sendo muito bem cuidada e amada pela família. Quando fui doar san

Sobre o 20 de setembro no Rio Grande

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Essa semana, vi alguns gaúchos criticando o 20 de setembro em dois grupo e não pude deixar de pensar em várias coisas. Principalmente, no Chile. Aqui tem um feriado nacional dia 21 de maio . Nesse dia, o presidente vai até Valparaíso onde fica o Congresso e faz um discurso e apresenta uma prestação de contas.   Passeio no Centro de Porto Alegre O dia 21 de maio é conhecido como Dia das Glórias Navais. Toda a tripulação do barco Esmeralda, liderado pelo capitão Arturo Prat, morreu num combate com outra embarcação do Peru, numa disputa por territórios marítimos que durou anos e foi parar no Tribunal de Haia na última gestão do Piñera.   Durante a ditadura, outro barco - com o mesmo nome - foi usado como Centro de Tortura de presos políticos. Grupos de direitos humanos já fizeram protestos em frente ao Esmeralda em diversas ocasiões.   Voltando ao barco original, o Chile perdeu a batalha, todos morreram e é feriado até hoje, com um dos eventos políticos mais importantes do país. No Brasil

A pandemia silenciosa que mata no Chile

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Muito antes da COVID, o Chile já vivia sua própria pandemia. Uma que mata silenciosamente os chilenos há anos e que pouca gente fala. Responsável pela morte de jovens e idosos, de diferentes classes sociais... Todos os anos, em setembro, essa pandemia faz mais vítimas. É como se a chegada da primavera desencadeasse uma avalanche que nem mesmo campanhas de prevenção conseguem deter o tsunami de suicídios. Cordilheira nevada em Santiago Não é exagero. O problema é grave e as estatísticas comprovam: o suicídio é a primeira causa de morte entre jovens de 20 a 24 anos . Os homens apresentam um índice quatro vezes maior que as mulheres em todas as faixas etárias.   Os dados são do ministério da Saúde que, ciente da gravidade do problema, passou a tratar o suicídio como questão de saúde pública. Esse ano o governo lançou uma plataforma digital chamada “ Quédate ” (Fique). O princípio é o mesmo do CVV (Centro de Valorização da Vida), mas com um chat online onde a pessoa pode ser atendida por u

Três documentários para entender o 11 de setembro

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Esta semana o bombardeio ao Palácio La Moneda no dia 11 de setembro de 1973 completou 50 anos. Diversas manifestações e solenidades marcaram a data por aqui. Eu mesma participei de algumas atividades no domingo. Fui a uma exposição do fotógrafo brasileiro Evandro Ribeiro no Museu Da Memória aqui em Santiago. Também participei de uma marcha de mulheres na noite de domingo em volta ao palácio do governo para pedir “ Nunca Más ”.   Na marcha das mulheres em que pedimos "Nunca Más" Levei a família comigo na exposição e o Cristián também me acompanhou na marcha já que ele foi fazer fotos para o acervo pessoal dele. Antes de levar a Gabi na exposição, mostrei uns quadrinhos para crianças que explicavam de forma muito gráfica o que aconteceu no dia 11 de setembro de 1973. Me senti na obrigação de ar algum contexto, principalmente, porque o colégio não falou absolutamente nada sobre esse dia. Nas semanas anteriores aos 50 anos do golpe de estado no Chile, assisti com a Gabi ao curta

20 anos sem meu pai

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Dia 22 de agosto, completam-se 20 anos da morte do meu pai. Incrível como o tempo demorou para passar e curar as feridas dessa perda tão precoce e inesperada. Meu pai faleceu aos 60 anos vítima de um câncer, de um tipo que hoje, graças aos avanços da Medicina e da Ciência, tem cura. Sim, um brasileiro e sua família puderam compartilhar a história de sucesso de um tratamento inovador e eficaz desenvolvido pela Universidade de São Paulo.   Todo mundo sorrindo “Até agora, 14 pacientes foram tratados com o CAR-T Cell com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todos os pacientes tratados tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS)”, diz a reportagem do portal G1 . Nesses 20 anos, encontraram a cura para a doença que levou meu pai... tivemos uma pandemia mundial que matou muita gente no mundo todo, em especial no Brasil. A tecnologia